terça-feira, 28 de abril de 2015

Foi um dos três com dois em um


Minha noite terminou com uma música o fundo de saxofone; parecia uma cena de filme noir: eu acabara de bater o ponto e estava descendo as escadas da entrada principal do edifício onde passo as minhas tardes. A rua estava toda escura, só havia alguns raros pontos de iluminação. A sonoridade daquele peculiar instrumento, que percorria pela noite e preenchia o ar silencioso, já anunciava para o mundo a minha tristeza. A pessoa que manipulava o instrumento parecia estar com as emoções conectadas com as minhas. 
Algumas horas antes, soube da terrível noticia que me deixou abalada. Serei simples, rápida e direta: meu Bayern perdeu. Não foi uma perda qualquer: foi uma perda, sem chance de volta, para o Borussia Dortmund. Nos pênaltis. Por 2 a 0.

Não ter uma televisão ou, por força maior, não ter acesso aos momentos ao vivo do clássico, é um castigo imenso. Fico pensando no que fiz para merecer isso. É como uma adaga que corta o peito saber que a chance da tríplice coroa partiu. Não, minto. Foi exatamente como três adagas no peito saber que a coroa cobiçada partiu. Não me disseram que a dor seria tamanha.

Eu olhava para o céu, sem estrelas. Sem estrelas foi também a partida de hoje. Eu procurava para saber de onde estava vindo a minha mais nova trilha sonora. Vai ver que essa pessoa estava se lamentando pelo mesmo motivo e resolveu pegar o saxofone. E quem sabe, em algum momento, se perguntou o que é que a garota que passava na rua naquela hora estaria pensando a respeito do amor, também inspiração musical, que mora em Munique.

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